sexta-feira, 26 de junho de 2009

Yes, they can

E o efeito Obama chegou ao futebol. A onda de otimismo norte-americano contagiou até o time de futebol. Ainda que o futebol não esteja entre os esportes prediletos dos yankees (perde de longe pro basquete, baseball e hóquei), os jornais americanos não deixaram de exaltar a façanha. O The New York Times comparou a vitória ao triunfo no hóquei no gelo sobre a antiga URSS nas olimpíadas de 1980. O Los Angeles Times afirma que é o maior triunfo da história do futebol americano (esquecem que já venceram o Brasil na Copa Ouro de 98). Enfim, motivos não faltam para tamanho entusiasmo.

Do lado espanhol, mais do que o desânimo pela eliminação, há a tristeza pelo fim da invencibilidade. A aura de time imbatível já não existe mais e a chance de se medir com o Brasil se foi junto. A imprensa espanhola também lamenta a indefinição do técnico Del Bosque em jogar valorizando a posse de bola (forma de jogo apelidada de "tique-taca") ou com um jogo mais vertical, buscando jogadas pelas pontas. Particularmente, o que eu acho que faltou a Espanha foi um verdadeiro teste durante a competição. E esse teste veio, mais por conta do caráter decisivo de uma semi-final, do que pelo adversário em si. O grupo frágil em que a Espanha caiu acabou prejudicando, talvez criando um excesso de confiança nos jogadores, que viram nos EUA um rival de mesmo pedigree dos anteriores (e realmente era). Não acho que o estereótipo de "amarelona" cabe nesse momento. A Espanha durante os 35 jogos em que se manteve invicta bateu gente grande: Argentina, França, Alemanha e Inglaterra, só pra citar alguns. O excelente trabalho iniciado com Aragonés e continuado por Del Bosque não pode ser julgado por uma partida infeliz.

Partida tão infeliz quanto a que Brasil teve ontem diante dos sulafricanos mas que venceu. Venceu porque os bafana-bafana possuem um time esforçado mas um ataque sofrível; venceu porque tem jogadores que podem decidir a qualquer momento mesmo num dia em que a seleção jogue mal; venceu porque tem camisa. Até os argentinos dão o braço a torcer. O Olé em sua edição de hoje publica: "Se o lateral do Barcelona não batesse a falta rente à trave de Kuhne, teria sido Luis Fabiano, Kaká ou Robinho quem faria o gol do triunfo. Ou seja, o gol chegaria por decantação. Porque quando tem que vencer, o Brasil vence. É grande. Demais. Isso de ter um mal dia e perder uma semi-final contra uma equipe revelação pode passar a uma seleção como a espanhola, com menos experiências em brigar por coisas importantes. Mas para a verde-amarela bastou o peso de sua camiseta para vencer a África do Sul por 1x0 e deixá-la pelo caminho. Assim, jogarão sua quinta final nos últimos seis torneios oficiais... ao contrário da Espanha, sempre que o Brasil vê uma semi, se garante na final" .

Esperamos que no domingo a vitória não venha só pela camisa mas também pelo bom futebol que o time de Dunga vinha demonstrando no torneio.

3 comentários:

Carlos Henrique Pereira disse...

Fiquei em dúvida em relação ao "amarelona", mas acredito muito na questão da tradição no futebol. Um grande exemplo disso é a concentração da maior parte dos títulos de Copas do Mundo nas mãos de Brasil, Itália e Alemanha (12 títulos de 18 Copas disputadas), sendo que Brasil e Itália detem a metade dos títulos já disputados.

Leo disse...

Também acredito em "tradição" mas se ela sempre prevalecesse, a Espanha não tinha vencido a Alemanha na última Eurocopa. Será que o Brasil também é amarelão em todas as Olimpíadas que disputou? Ou sempre faltou uma boa preparação e competência pra fazer um sub-23 forte? Tradição e títulos nas categorias de base o Brasil também tem.

Carlos Henrique Pereira disse...

Se a tradição prevalecesse sempre, não teríamos França e Inglaterra como campeãs de Copa, por exemplo. Vamos ver como a Espanha se sairá ano que vem, porque até lá muita coisa vai acontecer. E, para quem acredita em superstição, quem ganhou a Copa das Confederações não ganhou a Copa do Mundo.