terça-feira, 5 de julho de 2011

Desinteresse pela Amarelinha

Ontem, no programa Mesa Redonda da ESPN Brasil, foi levantada a observação sobre o fato de que, a cada ano que passa, as pessoas se empolgam e se interessam menos pelos jogos da Seleção Brasileira, ou “Seleção da CBF”, expressão utilizada por um dos jornalistas. É uma constatação plausível e que acredito que outras pessoas também já tenham percebido. Particularmente, fui assistir ao jogo de estreia da nossa seleção na Copa América em um bar com mais 3 pessoas e, fora nós, havia apenas uma pessoa em outra mesa vestindo uma camisa da seleção. Alto preço de uma camisa oficial à parte, há muitas alternativas baratas no mercado.

Desde então, estive pensando sobre quais motivos poderiam explicar esse crescente desinteresse pelos jogos da seleção canarinho. Por isso, resolvi fazer uma pequena lista de prováveis hipóteses, ou conjunto de circunstâncias, e algumas considerações pessoais a respeito e tentar estabelecer algo conclusivo:

1. Há tempos há uma tônica reinante na imprensa em geral, que sempre resulta em divergências com os treinadores da seleção e suas convocações, normalmente de uma maneira que joga o povo contra o time. Desde que acompanho jogos da seleção com consciência, isso desde as eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994,o único técnico que teve suporte da imprensa foi o Felipão (lembrem-me se houve outro). Parreira foi campeão em 1994 sob constantes protestos, Zagallo levou a seleção até a final em 1998 tendo que ouvir até o fim pela não convocação de Romário e, novamente foram duramente contestados os trabalhos de Parreira em 2006 e Dunga em 2008. Um foi excessivamente criticado por ter deixado os treinamentos abertos à imprensa e ao público em uma copa e outro, por ter tomado a postura contrária. Não que os motivos para as divergências não tenham sido válidos e verdadeiros, mas há algo de estranho neste fato.

2. O constante envolvimento da CBF e da própria FIFA em escândalos envolvendo corrupção, além da eterna suspeita de intenções comerciais e de favorecimento de cartolas e empresários com convocações inexplicáveis. Se voltarmos desde os tempos de 1994, a seleção nunca teve um banco de reservas convincente, sempre tendo convocações exdrúxulas, como a de Doriva em 1998 ou Grafite, em 2010.

3. A atual falta de craques no cenário nacional. Hoje, temos nossas esperanças depositadas principalmente, em 2 jogadores do Santos que são extremamente jovens para carregar tal responsabilidade: Neymar e Ganso. Depois deles, vem um ainda mais jovem: Lucas. Mas, o certo é que há muito tempo o futebol brasileiro passava tanto tempo sem ter um grande jogador em evidência no futebol Europeu. O último foi Kaká.

4. Desinteresse geral pelos assuntos ligados a identidade nacional, inclusive em outros esportes, como o Vôlei, esporte em que há algum tempo o país possui a melhor seleção do mundo. Esse desinteresse por assuntos nacionais poderia estar diretamente ligado aos constantes escândalos de corrupção que acontecem em todos os setores da administração pública e privada em nosso país. Entretanto, outros países no mundo, em especial na América Latina, estão sob circustâncias de corrupção e condição de vida piores que o Brasil e, mesmo assim defendem o que é nacional simplesmente por este motivo.

Certamente há vários motivos ou desdobramentos dos motivos acima que podem ser levantados para explicar esse crescente desinteresse pela Seleção da Amarelinha. E esta situação é, no mínimo, preocupante, pois em uma instância maior, o nacionalismo e patriotismo de um povo é também representado e verificado por suas instituições, símbolos e/ou heróis. Bom ou ruim é uma questão de ponto de vista, mas, no caso do Brasil, em especial, a Seleção Brasileira sempre foi motivo de orgulho e de respeito por parte do povo brasileiro. E a queda desta instituição não me parece estar sendo substituída por nenhuma outra.

2 comentários:

Cadê Meu Camisa 10? disse...

Carlos, estou passando só agora pelo blog, no fim das contas eu acredito que tudo isso que você menciona somado ao meu post deste dia, temos 90% dos problemas da seleção.

E ao meu ver, se a Fifa não mudar essa postura de "intocável", a tendência é que a Copa do Mundo de seleções se tornará de clubes.

Abs.

P.S.: Já coloquei seu blog entre os parceiro do meu.

Anônimo disse...

Irmãozinho, gostei do modo direito que você tratou do tema. Só tem uma coisa: a convocação do Doriva, em 1998 foi esdrúxula apenas para jornalistas cariocas e paulistas. O cara jogou muito no campeonato brasileiro, bom no desarme e na composição do meio de campo. Houve muitas convocações para favorecer negociação de jogadores, mas você sabe que os mineiros tem certa bronca com a Seleção por causa de favorecimentos a outros clubes. O Atlético, com Doriva, foi o time que mais pontuou no Campeonato Brasileiro. Fosse de pontos corridos, levava o caneco em lugar do Palmeiras (que foi ajudado por "má" arbitragem). Procure saber.
Quanto ao desinteresse da Seleção, acho que o torcedor ficou de fora. Antes, ele acompanha os jogadores atuando nos campeonatos regionais e nacionais e dava palpites etc. Amistosos são marcados para ganho e exibição dos europeus. O torcedor não é bobo, prefere hoje acompanhar seu clube de coração.
Um abraço. Rogerio Araujo, BH