
Ontem, no programa Mesa Redonda da ESPN Brasil, foi levantada a observação sobre o fato de que, a cada ano que passa, as pessoas se empolgam e se interessam menos pelos jogos da Seleção Brasileira, ou “Seleção da CBF”, expressão utilizada por um dos jornalistas. É uma constatação plausível e que acredito que outras pessoas também já tenham percebido. Particularmente, fui assistir ao jogo de estreia da nossa seleção na Copa América em um bar com mais 3 pessoas e, fora nós, havia apenas uma pessoa em outra mesa vestindo uma camisa da seleção. Alto preço de uma camisa oficial à parte, há muitas alternativas baratas no mercado.
1. Há tempos há uma tônica reinante na imprensa em geral, que sempre resulta em divergências com os treinadores da seleção e suas convocações, normalmente de uma maneira que joga o povo contra o time. Desde que acompanho jogos da seleção com consciência, isso desde as eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994,o único técnico que teve suporte da imprensa foi o Felipão (lembrem-me se houve outro). Parreira foi campeão em 1994 sob constantes protestos, Zagallo levou a seleção até a final em 1998 tendo que ouvir até o fim pela não convocação de Romário e, novamente foram duramente contestados os trabalhos de Parreira em 2006 e Dunga em 2008. Um foi excessivamente criticado por ter deixado os treinamentos abertos à imprensa e ao público em uma copa e outro, por ter tomado a postura contrária. Não que os motivos para as divergências não tenham sido válidos e verdadeiros, mas há algo de estranho neste fato.
2. O constante envolvimento da CBF e da própria FIFA em escândalos envolvendo corrupção, além da eterna suspeita de intenções comerciais e de favorecimento de cartolas e empresários com convocações inexplicáveis. Se voltarmos desde os tempos de 1994, a seleção nunca teve um banco de reservas convincente, sempre tendo convocações exdrúxulas, como a de Doriva em 1998 ou Grafite, em 2010.
3. A atual falta de craques no cenário nacional. Hoje, temos nossas esperanças depositadas principalmente, em 2 jogadores do Santos que são extremamente jovens para carregar tal responsabilidade: Neymar e Ganso. Depois deles, vem um ainda mais jovem: Lucas. Mas, o certo é que há muito tempo o futebol brasileiro passava tanto tempo sem ter um grande jogador em evidência no futebol Europeu. O último foi Kaká.
4. Desinteresse geral pelos assuntos ligados a identidade nacional, inclusive em outros esportes, como o Vôlei, esporte em que há algum tempo o país possui a melhor seleção do mundo. Esse desinteresse por assuntos nacionais poderia estar diretamente ligado aos constantes escândalos de corrupção que acontecem em todos os setores da administração pública e privada em nosso país. Entretanto, outros países no mundo, em especial na América Latina, estão sob circustâncias de corrupção e condição de vida piores que o Brasil e, mesmo assim defendem o que é nacional simplesmente por este motivo.
Certamente há vários motivos ou desdobramentos dos motivos acima que podem ser levantados para explicar esse crescente desinteresse pela Seleção da Amarelinha. E esta situação é, no mínimo, preocupante, pois em uma instância maior, o nacionalismo e patriotismo de um povo é também representado e verificado por suas instituições, símbolos e/ou heróis. Bom ou ruim é uma questão de ponto de vista, mas, no caso do Brasil, em especial, a Seleção Brasileira sempre foi motivo de orgulho e de respeito por parte do povo brasileiro. E a queda desta instituição não me parece estar sendo substituída por nenhuma outra.
2 comentários:
Carlos, estou passando só agora pelo blog, no fim das contas eu acredito que tudo isso que você menciona somado ao meu post deste dia, temos 90% dos problemas da seleção.
E ao meu ver, se a Fifa não mudar essa postura de "intocável", a tendência é que a Copa do Mundo de seleções se tornará de clubes.
Abs.
P.S.: Já coloquei seu blog entre os parceiro do meu.
Irmãozinho, gostei do modo direito que você tratou do tema. Só tem uma coisa: a convocação do Doriva, em 1998 foi esdrúxula apenas para jornalistas cariocas e paulistas. O cara jogou muito no campeonato brasileiro, bom no desarme e na composição do meio de campo. Houve muitas convocações para favorecer negociação de jogadores, mas você sabe que os mineiros tem certa bronca com a Seleção por causa de favorecimentos a outros clubes. O Atlético, com Doriva, foi o time que mais pontuou no Campeonato Brasileiro. Fosse de pontos corridos, levava o caneco em lugar do Palmeiras (que foi ajudado por "má" arbitragem). Procure saber.
Quanto ao desinteresse da Seleção, acho que o torcedor ficou de fora. Antes, ele acompanha os jogadores atuando nos campeonatos regionais e nacionais e dava palpites etc. Amistosos são marcados para ganho e exibição dos europeus. O torcedor não é bobo, prefere hoje acompanhar seu clube de coração.
Um abraço. Rogerio Araujo, BH
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